Como brilhar numa entrevista?

Vanda de Carvalho, a nossa CEO e especialista em recrutamento, revela as chaves para uma prestação de sucesso!

Faço muitas entrevistas por ano e vejo frequentemente pessoas extraordinárias com prestações muito abaixo do seu potencial. O nervosismo, a vontade de “dar a resposta certa” e alguma “falta de jeito” deitam muitos sonhos por terra.


O cérebro está programado para encontrar inconsistências e um entrevistador é perito em fazê-lo. Se, em algum momento, sente hesitação ou informação dissonante tenderá a ter um sentimento de desconfiança que irá tentar comprovar durante a entrevista. Ou seja, se criar uma má impressão junto do entrevistador, ele vai accionar mecanismos de alerta que comprovem que não é digno de confiança, logo, que não é a pessoa certa para o lugar.


As entrevistas são um momento chave para treinar um bom storytelling e é esse o meu convite. Desenvolvi a técnica CAR, powered by VDC Consulting, para ajudar a contar situações específicas que permitam ao entrevistador saber como funciona em contexto de trabalho. Esta preparação ajudará a conversa a fluir focando-se no que é essencial. 


Esta técnica pode ser aplicada em qualquer situação onde é pedido um exemplo real de uma situação vivida no passado que normalmente é precedido por perguntas como:


· “O que faz quando…”
· “Conte me uma situação em que…”
· “Alguma vez…”


CAR é o acrónimo de Contexto, Acção e Retorno e aplica-se da seguinte forma:

Contexto

Forneça um contexto descrevendo a situação apenas com os dados necessários como, por exemplo, a função tinha e qual o desafio que lhe foi colocado. Não caia na tentação de descrever coisas que não estão directamente ligadas com a sua intervenção. Muitas pessoas, ao recordar situações do passado, tendem a partilhar pormenores desnecessários e aí perdem a atenção do entrevistador.

Acção

Descreva de forma específica e objectiva o que fez para conseguir chegar ao resultado final. Imagine que está a falar de uma acção que fez com a sua equipa, não chega dizer que os motivou a fazer algo, é preciso explicar como o fez. Devem ficar claras as acções e tarefas que desempenhou.

Retorno

Partilhe as consequências da sua acção para a organização e explique porque foi importante. O quê que a empresa ganhou com a sua acção? Aumentaram vendas? Melhoraram significativamente algum indicador de gestão? A melhor forma de medir o retorno é com “números”, por isso, aportará valor quantificar os resultados CAR.

Ao contrário dos americanos que são treinados para vender ideias desde o jardim de infância, por cá, há alguma tendência de refrear esse ímpeto. Acredito que “Vender é humano”, e que tal como Daniel Pink defende no livro com o mesmo nome, passamos todo o dia a vender ideias. Uma entrevista de emprego pode ser encarada como um momento de venda em que o candidato é o produto e a empresa é o cliente que vai identificar se as características correspondem ao que procura. É importante preparar este momento não descurando o rigor e a “verdade” porque, como dizia a minha avó, a mentira tem perna curta.